segunda-feira, dezembro 27, 2004

Natal

25-12-04

14h30 - Acordo. Tarde. A nítida sensação de ter estragado a quadra festiva a alguns consome-me o espírito. O almoço natalício é em casa da avó Fernanda. Todos estão presentes. Todos? Sim, todos. Eu não.
Já há muito ultrapassei a "fase do contra", do ser rebelde sem argumentos... Não compreendo; ou até compreendo, mas não quero. É mais fácil. É mais fácil não compreender.
A minha doença é uma só - sou hipocondríaco. Busco a doença que não tenho. Sei que seria mais simples encontrar um bode expiatório que arcasse com as consequências dos meus actos ou, mais concretamente, com a sua ausência.
Estou cansado, desgastado e desiludido com a vida. Cansa. Viver cansa.
Entro em casa da avó. Olho-a nos olhos. Não diz nada. Estás triste, avó. É o "teu" dia. Com o carinho a que me habituaste, fazes o almoço, "esquecendo" as adversidades que as inúmeras doenças de que padeces te provocam; o teu neto mais velho priva-te da sua companhia... Cheguei tarde; não almocei.
Dirijo-me à igreja da aldeia. Sinto uma absurda necessidade de estar só, de reflectir. A porta está fechada... Nunca, nem mesmo por um segundo que fosse, senti necessidade de entrar, de usufruir do seu silêncio. A porta está fechada. Irónico, não é?

terça-feira, dezembro 07, 2004

Tatuagens

No decorrer da nossa existência somos constantemente confrontados com acontecimentos que, com maior ou menor grau de intensidade, nos marcam. Ao registar os efeitos da sua passagem, damos o primeiro passo em direcção à harmonia que buscamos, aquele equilíbrio que nos permite olhar para o passado sem receios (já "passou") e, serenamente, encarar as adversidades que os deuses nos reservam. Escrever é tudo isto; uma espécie de terapia... e só aos 23 o descobri!